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Após anos seguidos de La Niña, o El Niño está de volta com 71% de chance de acontecer na Safra Verão, e com ele há expectativa de um aquecimento médio de 3ºC – o pico deste fenômeno deve ocorrer entre nov23 e jan24. Fenômenos climáticos potencialmente adversos são comuns e ocorrem com uma periodicidade que varia entre 3 e 7 anos. Esses fenômenos são caracterizados por desvios de temperatura das águas do Oceano Pacífico em sua região leste equatorial, próxima a costa norte do Peru. Quando há aumento da média da temperatura da superfície do oceano superior a 0,5 grau, temos a definição de um El Niño. Na direção oposta, em caso de resfriamento superior a 0,5 grau, temos uma La Niña. Temperaturas intermediárias são caracterizadas como clima neutro, sem impacto relevante na dinâmica atmosférica.

Segundo meteorologistas, os termômetros podem facilmente passar de 42 graus… desde o Paraguai, oeste do Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Bahia… a maior preocupação é com Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, onde as temperaturas podem chegar facilmente a 45, 46 graus. Há ainda a possibilidade de poucas chuvas isoladas, mas com o calor intenso, as lavouras podem ser prejudicadas. Sem umidade, a temperatura do solo pode passar facilmente de 60 graus, conforme especialistas.

As culturas que mais podem ser afetadas são:

1. O trigo, com risco de favorecimento de doenças por conta das condições mais úmidas, embora a ameaça de geadas tardias seja bem menor.
2. A soja, que estará em campo em períodos com influência mais forte do El Niño. Isso pode resultar em maiores dificuldades na hora da semeadura por conta do solo úmido.
3. No cenário internacional, outros países também devem ser prejudicados. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projetou que os efeitos do El Niño podem retrair a safra de grãos norte-americana em 5% a 10%.
4. Na Argentina, por outro lado, é esperado que as áreas recuperem parte das perdas da atual quebra de safra. Na Ásia e na Austrália, o fenômeno deve causar clima quente e seco, que pode afetar diretamente algumas culturas agrícolas, em especial grãos e cana-de-açúcar.

Para saber utilizar essas informações de mercado a seu favor, compartilho três dicas:

1. Se você tem soja para vender e dívidas em aberto, fique de olho nos relatórios do USDA que apontam as condições de safra americana. Se a qualidade estiver abaixo do esperado, o preço pode ter uma melhora e abrir uma oportunidade de venda com maior rentabilidade.
2. Pode ser interessante para fazer um seguro de safra. O mercado de opções, oferece essa possibilidade e pode ser utilizado para garantir o valor que você quer receber pela saca.
3. Fique atento ao dólar, já que a soja é dolarizada. Vale a pena entender quando o mercado está favorável para tomar posições.